
Auditoria Hospitalar: o que é, tipos de auditoria e atuação profissional
- Posted by Renan Alves
- On setembro 10, 2019
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- Auditoria Hospitalar
A auditoria hospitalar é uma ferramenta de gestão em saúde relativamente recente, mas cada vez mais presente nas instituições de saúde. É um trabalho multidisciplinar que avalia em profundidade o desempenho de procedimentos no âmbito hospitalar situando o seu nível de qualidade.
Além disso, a auditoria situa-se como ponto de convergência resultado da somatória de todas as atividades da instituição. Ou seja, funciona como uma vitrine que expõe a atual situação em que a prestadora se encontra. Mas isso também depende de qual tipo de auditoria será adotada, tema que será detalhado mais abaixo. Portanto, continue conosco.
Como funciona?
O trabalho de auditoria pode ser feito por uma pessoa qualificada ou uma equipe. Há a opção da auditoria interna, com membros da própria equipe do hospital; uma externa, com equipe de consultoria, ou até mesmo uma parceria mista. Além disso, no que tange ao período estabelecido, temos:
- Auditoria contínua: feita em períodos pré-determinados e continuada a partir do ponto em que parou
- Auditoria periódica: feita em um período determinado, mas que não tem relação de continuidade com a última auditoria feita.
Devido ao seu caráter multidisciplinar, o auditor precisa ter profundos conhecimentos em legislação na área da saúde, além de noções de gestão e administração hospitalar. Geralmente, um time de auditores é formado por administrações, gestores com formação médica, ou enfermeiros focados em auditoria de contas hospitalares.
A meta é avaliar os pormenores dos processos, sejam eles assistenciais ou de gestão que, somados, formam todo o mosaico institucional. Basicamente, a metodologia inclui avaliar se as práticas assistenciais estão em conformidade com as normas estabelecidas.
Para se chegar aos resultados, os auditores usam métodos quantitativos e qualitativos para expressarem suas opiniões sobre os procedimentos avaliados. Dado o diagnóstico, a auditoria mune os gestores com informações valiosas que irão guiar o desenho estratégico para melhoria de processos, correção de não-conformidades e redução de glosas.
A auditoria no ambiente hospitalar começou a ser aplicada no Brasil por volta dos anos 70, época em que o Brasil surfava na onda das transformações modernas na área da saúde. Aquela fase suscitou a adoção de novos métodos com foco em equilibrar a gestão de recursos com a maximização da qualidade. Foi nesse período também que o Brasil iniciou sua expansão de cobertura assistencial nos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), que pregava o lema “Saúde para Todos no Ano 2000”.
Para além do financeiro
Embora o termo auditoria remeta ao aspecto financeiro, no âmbito hospitalar ele pode ser amplo e generalista. Ou seja, não abrange apenas o setor de faturamento do hospital, mas todos os departamentos que possuem conformidades a serem seguidas. Tais conformidades servirão como parâmetro de avaliação. Mas claro, isso pode variar de acordo com o tipo de auditoria que estamos falando.
Para que funcione bem, é importante que a auditoria esteja em sintonia com o planejamento estratégico do hospital. Isto é, um norte a ser seguido, cuja auditoria reunirá todos os indicadores essenciais ao seu negócio e lhe dará um diagnóstico profundo sobre seu cenário. Afinal, o resultado de uma auditoria bem-sucedida é um verdadeiro mapa que aponta tanto os pontos fortes quanto os de melhoria da prestadora como um todo.
Vale destacar que é importante que o resultado esteja compartilhado com todos da equipe. Após o diagnóstico, a auditoria representa uma poderosa ferramenta de melhoria de processos. Mas lembre-se: processos são feitos por pessoas, engajar sua equipe hospitalar é um desafio que pode ser superado com transparência, diálogo e cultura corporativa bem consolidada.
Tipos de auditoria
Embora exista alguns pontos em comum, as auditorias hospitalares possuem várias modalidades com diferenças fundamentais. Veja as principais:
Auditoria Retrospectiva: ocorre após a alta do paciente e avalia pontos como:
- Prescrições médicas
- Métodos de admissão do paciente
- Métodos de cuidado assistencial
- Relatórios de enfermagem
- Preenchimento de guias
Auditoria Concorrente: ocorre durante sua internação, no qual enfermeiros responsáveis pelas contas visitam diariamente as enfermarias para conferir a legitimidade dos itens no prontuário. Em alguns hospitais, utiliza-se a o “check-list” como procedimento padrão para análise das contas. Algumas das etapas dessa modalidade:
- Entrevista com o enfermeiro após o procedimento para provocar autorreflexão
- Avaliação feita pelos familiares e pelo próprio paciente
- Exame do paciente e correlação com os procedimentos e recursos necessários para seu tratamento
- Pesquisa com o corpo médico e enfermeiros, para levantar se foram cumpridos tanto as prescrições quanto às terapêuticas médicas acordadas entre médicos e enfermeiros.
Já no que se refere ao contexto em que é feita a auditoria, podemos elencar a auditoria preventiva, operacional e analítica. Veja a diferença:
Auditoria preventiva:
Analisa os procedimentos antes mesmo de pô-los em prática. É como um teste-piloto.Quem assume geralmente são médicos. Também é comum que ele esteja ligado aos setor de liberação de procedimentos ou guias de convênio.
Auditoria operacional:
Como o termo já sugere, essa auditoria atua diretamente sobre as rotinas operacionais da assistência. O auditor tem acesso direito ao trabalho da equipe e verifica o nível da assistências prestada, bem como avalia se ela atende aos padrões mínimos esperados.
Dentre os indicadores que podem ser usados estão o prontuário do paciente, a avaliação de performance e questionários aplicados ao pacientes, por exemplo.
O auditor pode ainda sugerir outras formas mais eficazes de procedimentos aplicados a um paciente, desde que o médico concorde.
Também faz parte dessa modalidade a auditoria de contas, que atua após a alta do paciente e antes do envio da conta para operadora. A auditoria operacional avalia se há alguma inconformidade que poderia gerar glosa. Com esse objetivo, é feita uma retrospectiva passando pelo diagnóstico, tratamentos, exames, taxas e materiais consumidos pelo paciente.
Auditoria Analítica:
Tem um viés mais interpretativo e reúne o trabalho das auditorias preventivas e operacionais. O objetivo dessa auditoria é fazer uma análise detalhista de todo o escopo hospitalar, buscando encontrar gargalos e identificando pontos que podem ser otimizados. Para isso, é necessário que os auditores usem indicadores gerenciais e administrativos.
Fluxograma da auditoria
O trabalho do auditor hospitalar pode seguir etapas diferentes a depender do tipo de auditoria que será feito. Generalizando, porém, as etapas que podem ser tomadas, segue um exemplo de um fluxo a ser percorrido.
- Definição de objetivos e metodologias que serão usadas.
- Análise de cenário: reunir e estudar os dados disponíveis que mensuram as práticas da assistência da internação até a alta.
- Análise de dados, inferências e correlações para interpretar o cenário em sua conjuntura global.
- Conclusão e elaboração de relatório técnico, exprimindo fatos, opiniões e sugestões.
O papel do auditor hospitalar
A rotina de um auditor hospitalar passa por tarefas como:
- Revisar o cumprimento de protocolos, tabelas, regras contratuais, honorários; normas técnicas e administrativas
- Mensurar boas práticas
- Análise dos prontuários
- Acompanhamento de tarefas de equipes multidisciplinares
- Avaliação da eficiência do trabalho integrado entre os setores
Para que o trabalho do auditor seja o mais assertivo possível, é necessário que ele tenha independência e objetividade. Em tese, parece algo óbvio, mas na prática pode haver complicações já que o auditor terá que acompanhar de perto processos de equipes multidisciplinares.
Por isso, é importante que o profissional tenha respaldo não só do administrativo, mas de toda a cultura institucional da empresa, cujos corpo clínico deve estar preparado para entender a relevância do trabalho do auditor.
Logo, é essencial que o auditor desenvolva habilidades de relacionamento. Como se trata de um processo que naturalmente deixa as equipes um pouco mais tensas, o auditor deve desenvolver uma postura empática com o foco em apontar melhorias, e não acusando erros de forma que soe vexatória.
Além disso, é importante que o profissional tenha uma postura ética. O Código de ética do Instituto de Auditores Internos dá alguns sinais nesse sentido.
No final das contas, o auditor atua com o objetivo de auxiliar cada membro da instituição no desenvolvimento de suas funções por meio de análises, comentários e recomendações. Aliás, é o trabalho de cada um que, somado, faz do hospital o que ele é.
Indicadores de qualidade
Qualidade é palavra-chave perseguida pelas instituições de saúde na atualidade. Com um movimento de queda e ascensão da economia, atualizações frequentes nas tabelas de preços das operadoras e a velocidade com que a tecnologia vem esbarrando no setor da saúde, pensar em novos processos se torna imperativo.
Aliás, como manter ou elevar a qualidade de meu negócio de forma sustentável? Com uma gestão de custos eficiente, eliminando processos obsoletos e implementando técnicas de otimização da performance dos times, é possível. Nessa dinâmica, a auditoria entra como peça central uma vez que ela agrupa uma visão 360º de profissionais capacitados.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade em saúde se alcança pela excelência profissional em alto patamar, a aplicação eficiente de recursos, o menor risco possível oferecido ao paciente aliado a um alto grau de satisfação por parte dele, o que está diretamente ligado aos resultados obtidos durante seu tratamento com a instituição.
Ao implementar uma atenção gerenciada sobre a gestão dos recursos e procedimentos, é possível atingir altos padrões de benefícios com o menor custo aplicado.
Assim, o resultado de um auditoria hospitalar consistente permite traçar um plano de ação corretivo com foco na redução de desperdícios, retrabalho e morosidade em processos. Logo, é essencial se valer dos indicadores hospitalares para acompanhar a evolução das etapas.
Ocorre que falar em qualidade acabamos por esbarrar na ideia de algo subjetivo. Trazemos, portanto, os 7 pilares da qualidade em saúde criados pelo médico libanês Avedis Donabedian. São eles:
Eficácia: Obter o melhor êxito possível com os recursos disponíveis.
Efetividade: Capacidade de efetivar melhorias notórias em todo o escopo hospitalar
Eficiência: Mensura o que foi gasto para se atingir determinado resultado. Quanto melhores os resultados e menores são os custos, maior será a eficiência.
Otimização: Tem a ver com custo-benefício e engloba tanto a qualidade prestada na assistência quanto o custo que está associado a ela.
Aceitabilidade: Baseia-se no relacionamento direto com os clientes e paciente e mede o nível de aceitação, confiança e credibilidade estabelecido entre as partes.
Equidade: Fala sobre a distribuição justa e adequada dos benefícios entre os pacientes. Logo, deve haver imparcialidade no tratamento, sem julgamentos.
Foco em melhoria contínua
Para além das auditorias periódicas, é importante implantar a gestão da qualidade como um princípio ativo nas instituições de saúde haja vista a crescente concorrência e uma sociedade cada mais vez mais exigente.
Uma das formas de se reforçar a gestão da qualidade é implantar soluções de big data que, além de automatizar alguns processos, armazenam dados essenciais que servem como indicadores decisivos para gestão.
Sistema de gestão permitem a redução de desperdício, retrabalho e morosidade que são típicos de alguns processos em saúde.
Logo, os benefícios respingam diretamente na gestão da qualidade da instituições, que passam a ter indicadores saudáveis em vários aspectos e, consequentemente, se tornam aptos a evoluírem na escala das acreditações hospitalares.
Neste artigo, você entendeu a amplitude que engloba a auditoria hospitalar. Embora esse trabalho vai pra além do faturamento, a ideia de redução de glosas e otimização de recursos é meta comum quando se pensa em auditoria.
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